sábado, 25 de outubro de 2008

dizem por aí...que eu me acho...



Hoje fiquei sabendo, porque este tipo de coisa tem sempre alguém pra contar, que algumas pessoas, em algum lugar, comentavam sobre mim.
Esta Carla...” se acha...”
Claro que no primeiro momento fiquei chateada, depois fiquei pensando...
Porra...
Eu não tenho mais 20 anos,
Não tenho mãe,
Não tenho pai,
Tenho algumas rugas,
Tirei carteira e ainda não consegui comprar meu próprio carro...
Só agora pude colocar um aparelho nos dentes,
Tenho dores na coluna,
Meu cabelo não é bom,
Tenho empregada que falta quatro dias na semana,
Moro longe,
Uso o cheque especial,
Levanto as cinco todos dias,
Trabalho até as duas da madrugada,
Aprendi patchwork sozinha, porque não tinha dinheiro pra pagar um curso,
Só consegui fazer um básico, anos depois,
Moro em um conjunto que não tem interfone,
Não tenho xícara de porcelana,
Nem toalha de linho.
Nossa!!!
Pensei mais um pouco...
Será que a culpa é do meu gato?
Do meu viés pregado a mão?
Do quilt quase perfeito?
Dos tecidinhos que eu lavo antes de usar?
Do meu trabalho, que eu adoro mostrar?
Dos detalhes?
Da feira que eu faço questão de participar?
Do meu arroz com tudo?
Da minha Maria que é linda?
Do meu João que eu amo?
Do meu cantinho que fica na minha ex-copa?
Das minhas máquinas que eu comprei uma a uma, pagando de 10 vezes?
Ou quem sabe o problema é minha marca registrada ®?
Ou serão os meus textos?
Será que são os e-mails que às vezes eu demoro a responder?
Ou quem sabe é o valor das minhas peças?

Olha, claro que os motivos que levaram e que levam algumas pessoas, que com certeza me conhecem pouco, ou quase nada, a pensarem assim, podem ser muitos.
Quando eu comecei a tentar viver de artesanato...
Eu não tinha net,
Não tinha flickr,
Não tinha blog,
Não cinco máquinas,
Não tinha dinheiro,
Meus trabalhos não tinhas selo de qualidade,
Não tinha amigos virtuais,
Não tinha comentários carinhosos,
E mesmo assim,
Eu comecei.
Eu batalhei,
Eu errei algumas vezes,
Eu não desisti.
Eu persisti,
Eu insisti,
Eu aprendi.
E por tudo isso e por mais uma porrada de pedras que eu encontrei em meu caminho,
Eu cheguei a seguinte conclusão.
Quem disse que eu me acho
Tem toda razão.
Agora,
Hoje,
Eu me acho mesmo.
Eu tenho muito ainda pra conquistar,
Mas já conquistei muito.
Se muita gente acha meu trabalho lindo,
Eu também posso achar.
É lindo mesmo.
Muito bem feito,
Muito bem acabado,
Porque eu faço com amo, com prazer,
E eu mais do que qualquer outra pessoa tenho o direito de valorizar o que eu faço.

Carla Pianchão

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

se quiser...verás o sol...



Entre pedras e tijolos...
Voam borboletas...
Por entre paredes frias...
Nasce o sol...
E se quiser...
Verás o céu...
No meio de tudo...
Há sentimento...
E se quiser...
Verás a cor...
E aí...
Nasce uma flor...
E se quiser...
Serás feliz...
Mesmo assim...

Carla Pianchão

sábado, 18 de outubro de 2008

nossos filhos...nossos jovens...

Hoje eu fui a “Festa da Família” na escola da minha Maria.
Saí de casa as 11:00 da manhã, debaixo de um sol escaldante.
Minha Maria já estava pronta desde as 10:00.
Deixei tudo pra trás, porque naquele momento nada era mais importante.
Este é o tipo de evento que toda mãe sabe que não dá pra faltar, é preciso estar lá, faz parte.
Assim que chegamos minha Maria tomou a frente da situação, eufórica e aflita em me mostrar tudo e todos os projetos dos quais ela participou, ela ia de lá pra cá e de cá pra lá, querendo que eu visse tudo.
A escola é enorme, andei mais do que na minha caminhada diária.
Colocando o coração pela boca por causa do calor, respondia com cara de paisagem, sempre que minha Maria me perguntava se eu estava gostando...
Está tudo lindo!!!
Foi exatamente neste momento, vendo minha Maria linda, com seus cabelos cacheados, e o meu João quase do tamanho do pai, que eu não pude deixar de pensar na mãe da jovem que luta por um fio de vida, porque um outro jovem, não permitiu, sem ter esse direito, que ela escolhesse seu próprio caminho. Não aceitou que ela desse fim ao relacionamento dos dois...
É claro que agora, vendo a atitude insana deste jovem, sabemos porque ela não queria mais, porque com toda certeza ela deve ter percebido antes de nós quem era ele.
É revoltante ver uma jovem passar por todo este sofrimento por ter feito uma escolha, simplesmente porque não queria mais aquele amor, se é que podemos chamar isso de amor.
É triste ver um jovem não suportar a escolha da sua amada, é triste ver a dificuldade de um jovem em escutar um não.
É claro que vão aparecer profissionais com conhecimento de causa, para explicar com detalhes a atitude desse rapaz, que arruinou e destroçou com a vida, não só desta jovem, mas de todas as pessoas envolvidas neste relacionamento, neste amor doentio.
É claro que eu não tenho o direito de julgar nada nem ninguém, por desconhecer detalhes dessa estória...
Mas eu posso sentir daqui a dor da mãe desta jovem que luta por um fio de vida, e porque não, a dor da mãe deste jovem que não suportou viver sem seu grande amor.
Vendo minha Maria e meu João, fico apavorada em perceber que jovens começam cada vez mais cedo seus relacionamentos, se prendem e ficam dependentes deles, se envolvem exageradamente, e se perdem no momento em que um dos envolvidos resolve seguir um outro caminho, resolve seguir sozinho.
Terminar um relacionamento não é tarefa fácil para adultos experientes e com uma certa bagagem de vida, que dirá para jovens inexperientes, que ainda não conseguem distinguir paixão de amor.
Jovens que ainda não entenderam que amor não é posse, que não se pode prender em nome do amor, não se pode matar em nome do amor...

Que Deus nos ajude e nos dê forças...
Que Deus ajude nossos filhos e nossos jovens...

Carla Pianchao

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Esclarecendo e agradecendo...



Não sei bem que nome dar ao que eu escrevo... chamo de textos...
Escrevo sem hora marcada...sem compromisso...
Escrevo quando as palavras surgem...quando elas brotam...saltam do meu pensamento...
Meus textos misturam realidade...que nem sempre é a minha...com ficção...e com uma pitada de humor...pra que momentos complicados...fiquem menos sofridos...
Deixo sempre um espaço para quem quiser entrar e se colocar dentro dele...para quem quiser viver junto comigo aquele momento...nem precisa bater...basta entrar...
Quando escrevi o texto...”Chega uma hora que não tem mais jeito...” a minha intenção era...ou melhor...eu não tinha intenção nenhuma...apenas escrevi...
Fui imaginando... como seria...
Naquele momento só poderia...imaginar...afinal ainda não me separei...
Não sei exatamente o que vou sentir...se tiver que seguir...sozinha...
Não desisto fácil de nada...não entrego os pontos...não jogo a toalha sem antes tentar...correr até os 45 do segundo tempo...bufando...colocando o coração pela boca...capengando...mas não desisto...enquanto eu posso claro...
Estou passando por um momento difícil...e aí no momento em que comecei a escrever...sobre uma realidade que atinge milhões de mulheres e homens... como sou muito transparente...envolvi-me excessivamente com as palavras...e coloquei ali toda minha emoção...verdadeira...mas quase sem querer...
Talvez até...todo meu sofrimento...sem perceber...
O texto de hoje é pra agradecer emocionada...o enorme carinho que recebi...
Mulheres de todos os lugares...empenhadas em me passar suas experiências...
Mulheres guerreiras que deram conta...querendo me ajudar de alguma forma...
Algumas mais sonhadoras...incentivando-me a ficar...independente de qualquer coisa...
Outras que disseram apenas...estou aqui...conte comigo...
Algumas me mandaram poemas...lindos...que diziam tudo...
E uma muito especial...que assumiu...não saber o que dizer...mas estava ali...
Foram todas muito importantes pra mim...
Já disse aqui...que sou filha de um nordestino caba da peste...sou neta de espanhola...
Minha mãe foi um exemplo de mulher guerreira...que não abaixou a cabeça nem diante de uma doença ingrata que a consumiu por inteira...não chorou...não blasfemou...não desesperou...não se queixou...nem quando as dores eram terríveis...apenas lutou...
Por tudo isso...pelo enorme carinho que recebi...por mim...pelo meu trabalho...pela minha arte...pelos meus filhos...e por amor...
Ainda estou na luta...
Ainda estou tentando...
Ainda não desisti...
Ainda estou aqui...
Obrigada...!!!

Carla Pianchão

sábado, 11 de outubro de 2008

Chega uma hora que não tem mais jeito



Tem uma hora que acaba.
Tem uma hora, que o peso da frase ”Até que a morte nos separe” já não pesa tanto assim.
Eu particularmente sempre achei essa frase muito radical, como se fossemos obrigados a amar, pelo resto de nossas vidas, a qualquer preço aquela pessoa que escolhemos, por acreditar, pelo menos naquele momento, que seríamos felizes para sempre.
Você assina um papel, entra na sua igreja preferida, com aquele vestido tipo bolo, que custou um preço absurdo, jura amor eterno e tomada pela emoção, nem escuta direito o que padre fala, acredita que vai valer a pena, tudo o que gastou e tudo o que enfrentou para realizar um sonho.

Voltando ao fim deste sonho, e voltando as tentativas de recuperar o que não tem mais jeito, você insiste e se nega a ver que acabou e apela.
Uma lingerie sexy, mas que esconda aquelas gordurinhas a mais, que o tempo e os filhos te deram um vinhozinho, ou para as mais ousadas e corajosas, vale até uma streep tease.
Nada contra, afinal temos o direito de nos dar mais uma chance, temos o direito de querer ter certeza do fim antes de jogar a toalha.
Pode até rolar um momento, pintar um clima... Mas no outro dia, tudo estará igual. Ninguém toma vinhozinho segunda feira, nem faz estrepe tese em plena quarta.
Quando acaba, a gente sempre sabe todo mundo sabe.
Mas é tão difícil admitir, e normalmente, no momento em que se percebe que não tem mesmo jeito, está tudo tão ligado, tão embolado, há tantas coisas em comum, que dá preguiça só de pensar, em acabar com tudo.
Sem contar que na maioria das vezes, não queremos acabar, afinal, se um dia foi bom, pode voltar a ser, e aí continuamos tentando, nos enganando, enquanto o tempo vai passando.
E ele passa, sem nenhuma piedade de nós.
Aí vamos colocando a culpa, na falta de dinheiro, no stress do dia a dia, na rotina, nos filhos, que nos tomam tanto tempo, e não nos permitem mais tanta liberdade, na casa que já é antiga, e todo dia dá um problema, no emprego seu ou da pessoa que está com você, que às vezes se estende pelos finais de semana, na interferência das famílias, nos sonhos de cada um.
E no auge do desespero, ainda com um fiozinho de esperança, vem a tentativa de uma conversa. A famosa “DR”
Nossa!
Momento doloroso, sofrido, e quase sempre sem sucesso.
Os terapeutas de casais acreditam piamente neste momento, mas se realmente estiver tudo acabado, essa tal conversa vira uma lavação de roupa suja federal, que quase sempre termina em ofensas, em lágrimas, objetos quebrados, e em uma dura certeza...
Não tem mesmo, mais jeito.
Enfim, eu poderia enumerar muitos motivos, que eu, com certa experiência, afinal são 24 anos de casada, e oito de namoro, acho que dão fim a uma relação, mas como nunca é apenas um motivo, e sim a somatória de muitos, por isso prefiro não arriscar prefiro não arriscar.
Mas é justamente essa experiência, que me faz pensar, que nem sempre é preciso ter um motivo.
Às vezes acaba simplesmente, assim como uma criança, que de repente, deixa de lado, aquela boneca que a família inteira achou que ela nunca largaria.
Claro que é sofrido, claro que pinta uma sensação de fracasso, mas chega uma hora que realmente não dá mais.
O coração já não dispara a pernas já não tremem, os preliminares ficam cada vez mais demoradas... É triste, mas é verdade.
Forçar a barra é deprimente. Mas é preciso desembolar, o que está embolado, é preciso olhar, e ver sem mentir, sem fugir.
O mais difícil, eu acho, é ter coragem, de seguir, sem a pessoa para quem juramos amor eterno, é lembrar-se daquele vestido alugado, tipo bolo, que você suou pra pagar, e ter vontade de chorar, afinal ele era tão lindo!
É ver as fotos, que aquele fotógrafo enrolado não fez do jeito que você pediu, e aceitar a duras penas, que o tempo passou.
Aceitar que aquele sorriso da foto, nunca mais será o mesmo.
Que aquelas palavras ditas, um ao outro, no momento de selar a união, é bem diferente das palavras que você diz hoje, e mais diferente ainda, são as palavras que você escuta.
É se olhar no espelho, e ver que você também não é mais a mesma.
O mais difícil, eu acho, é continuar sem o amor que um dia acreditamos ser eterno, é dizer, é crer, que acabou.


Carla Pianchão


quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Acordei feliz...



Acordei feliz...
Uma felicidade louca...
Com vontade de fazer como nos comerciais de tv...
Correr pela praia... com aquele vestido branco... (que nos comerciais sempre são brancos)
Sentir o vento em meu rosto, areia nos pés...
Acordei sentindo amor...
Com vontade de escutar Ana Carolina e Seu Jorge cantando, “É isso aí...”
Eu digo a verdade
Eu sou o que sou
Eu não tenho mãe, nem pai...
Minhas irmãs se afastaram, brigamos no inventário...

“A vida tão simples é boa”.
Quase sempre...

Minha casa não é linda...
Meu carro não é zero...
Meu filho não é primeiro da classe na escola...
Meu marido saiu sem me dar um beijo...
Tenho contas pra pagar...
Tenho compromissos, alguns nem sei se vou conseguir cumprir...
Tenho vasilhas pra lavar...
Mas acordei feliz, e daí???
Como diz a música...
“Há quem acredite em milagres... (eu acredito)”.
Há quem cometa maldades... (tento não cometer)
Há quem não saiba dizer a verdade...(eu sei) apesar de pagar um preço ““.

Eu acredito no vendedor de flores...
Que ensina seus filhos a escolher seus amores...
Eu não vou parar de olhar a vida...e ser feliz...
Eu não vou parar de acreditar...
Eu não vou parar de sonhar...
Acordei feliz...
É isso aí...

Carla Pianchão

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Você assume...que não consegue viver sem ele???


Sem você não dá...
Não consigo...
Não sigo...
Não vou...
Não sou...
Não posso...
Sem você me perco...
Não me acho...
Me esculacho...
Me escracho...
Sem você não aconteço...
Não apareço...
Não permaneço...
Não respiro...
Não transpiro...
Não me esforço...
Não acordo...
Não concordo...
Sem você não sinto...
Sem você eu choro...
Imploro...
Sem você não quero...
Espero...
Sem você não vivo...
Sem você...
Eu sumo...
E assumo...
Que sem você não dá...

Carla Pianchão

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

o que há por trás de uma janela ...que dá pra rua de terra...???


Ruas de terra...
Janelas abertas pra fora.
Desbotadas e quase sem cor, marcadas pelo tempo e pelo sol escaldante, que entra pela sala da casa, no momento em que o vento abre a cortina, que durante anos, foi branca, e ilumina a mesa de jantar com uma toalha de crochê, feita pela vovozinha, de uma família que talvez não exista mais.
Famílias que recebiam e exibiam com carinho suas avós. Famílias que tinham sempre em suas salas de tábuas e tacos,uma cadeira, forrada carinhosamente, com aquele tecidinho, que hoje é moda,que não tinha que ser necessariamente de balanço, para aquela vó que ficava na maioria das vezes só observando...o vai e vem das pessoas.
O entre e sai de crianças correndo, escutando silenciosa as desavenças, sem seqüelas, e com perdões.
Sem muito valor, sem mágoas, sem horror.
Desavenças necessárias, que antigamente, em algumas famílias, serviam para fortalecer relações,que eram pra sempre.
Que pena que hoje em dia, cadeirinhas que antigamente acomodavam vovozinhas simpáticas, com seus vestidinhos na canela, com golinhas de crochê, com suas cestinhas de linhas e agulhas, hoje sirvam apenas para decorar, salas suntuosas, cheias de glamour, e muitas vezes vazias, sem entre e sai, sem vai e vem,e sem vovozinha.
Esta casa, antiga, com uma janela, que dá pra rua de terra, sempre fez parte dos meus pensamentos, posso ver essa cadeirinha, quase consigo sentir o cheiro da terra e a presença dessa vovozinha, no canto da sala, quase em frente a tal janela .
Essa não foi minha casa...pelo menos não nesta vida...
Não tive uma vovozinha assim.
Mas me lembro da mesa, com uma toalha de crochê que minha mãe comprou, da mãe da nossa vizinha, que era uma vó, mas não era a minha, e nem era a vovozinha dos meus pensamentos.

Carla Pianchão

Bom dia! Seja bem vindo outubro!

As vezes dou uma baqueada.
Dou uma cochilada.
Fico magoada.
Meio passada.
Meio cansada.
Estressada.
Vejo coisas que não acredito e que preferia não ver.
Penso em coisas que não queria pensar.
Ouço coisas que não queria ouvir.
Fico sem entender.
Fico triste.
Choro.
Mas tudo isso dura pouquíssimo.
Quase nada.
Não permito que dure mais.
Rapidinho dou uma sacudida.
Peço pro “CARA” lá de cima...não se esquecer de mim.
E aí tá tudo certo.
Sigo em frente.
Sigo contente.
Acredito.
Medito.
E vou.
De novo pra vida.

Carla Pianchão
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