quarta-feira, 1 de outubro de 2008

o que há por trás de uma janela ...que dá pra rua de terra...???


Ruas de terra...
Janelas abertas pra fora.
Desbotadas e quase sem cor, marcadas pelo tempo e pelo sol escaldante, que entra pela sala da casa, no momento em que o vento abre a cortina, que durante anos, foi branca, e ilumina a mesa de jantar com uma toalha de crochê, feita pela vovozinha, de uma família que talvez não exista mais.
Famílias que recebiam e exibiam com carinho suas avós. Famílias que tinham sempre em suas salas de tábuas e tacos,uma cadeira, forrada carinhosamente, com aquele tecidinho, que hoje é moda,que não tinha que ser necessariamente de balanço, para aquela vó que ficava na maioria das vezes só observando...o vai e vem das pessoas.
O entre e sai de crianças correndo, escutando silenciosa as desavenças, sem seqüelas, e com perdões.
Sem muito valor, sem mágoas, sem horror.
Desavenças necessárias, que antigamente, em algumas famílias, serviam para fortalecer relações,que eram pra sempre.
Que pena que hoje em dia, cadeirinhas que antigamente acomodavam vovozinhas simpáticas, com seus vestidinhos na canela, com golinhas de crochê, com suas cestinhas de linhas e agulhas, hoje sirvam apenas para decorar, salas suntuosas, cheias de glamour, e muitas vezes vazias, sem entre e sai, sem vai e vem,e sem vovozinha.
Esta casa, antiga, com uma janela, que dá pra rua de terra, sempre fez parte dos meus pensamentos, posso ver essa cadeirinha, quase consigo sentir o cheiro da terra e a presença dessa vovozinha, no canto da sala, quase em frente a tal janela .
Essa não foi minha casa...pelo menos não nesta vida...
Não tive uma vovozinha assim.
Mas me lembro da mesa, com uma toalha de crochê que minha mãe comprou, da mãe da nossa vizinha, que era uma vó, mas não era a minha, e nem era a vovozinha dos meus pensamentos.

Carla Pianchão

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