quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

agora...é com você...



Admito que estou demorando um pouco, a digerir esse meu momento.
Tudo que tenho visto, tudo que tenho percebido, e algumas coisas que só agora começo a entender como funcionam, dificultam ainda mais.
Eu sinceramente não sei o que é pior, se viver na ingenuidade, se alimentando de sonhos, fazendo de conta, ou enxergar tudo como é realmente.
Quando somos bem bebezinho, dizem os mais entendidos que só enxergamos vultos, sentimos o cheiro, e ele nos guia.
Sabemos bem cedo onde está o leite, seja do peito de quem nos embala ou da mamadeira de quem nos alimenta.
Nem precisa vir de quem nos ama, esta é a fase de sobreviver apenas.
Bom, quando crescemos um pouquinho enxergamos tudo, principalmente as cores.
Ficam balançando objetos barulhentos, penduram um monte de badulaques em nosso berço, ou no carrinho, e nós ficamos ali, fazendo caras e bocas, muitas vezes tentando mostrar o quanto aquilo tudo nos incomoda, mas nesta fase não somos nós quem decidimos nada, nem mesmo o que sentimos.
O tempo vai passando, nossos pés começam a nos levar para onde nos sentimos atraídos, nossas mãos nos fazem descobrir que através delas podemos sentir, e neste momento de total descoberta, quando tudo começa a fazer sentido, descobrimos também que não podemos tudo, que não podemos ir para onde queremos, e nem tocar em tudo. Começa aqui a repressão.
Mais um pouco, e passamos a enxergar só o que nos interessa, agora somos adolescentes, o nosso conceito de liberdade ainda não está totalmente formado, o que nos torna ainda mais cruéis e egoístas, e não adianta nos mostrar o que não queremos vê, neste momento da vida ainda não sabemos que podemos ver muito mais do que nossos olhos alcançam, e definitivamente só enxergamos aquilo que queremos, coisas que provocam, coisas que incomodam, coisas sem sentido, coisas que agridem, é assim com a grande maioria.
Ficamos jovens, um pouco mais calmos, começando a entender que a vida vale a pena se for bem aproveitada, se for bem vivida.
Começamos a colocar em prática alguma coisa do que guardamos em nossas mentes, muitas vezes, quase sem querer.
Bem devagar, porque agora já não temos tanta pressa, vamos amadurecendo, mas ainda somos fáceis de sermos enganados, por um afago, uma palavra, um chamego, um carinho.
Ficamos encantados com facilidade, nos negamos a ver o que nos incomoda.
Apesar de crescidos, ainda nos permitimos sonhar, sentimos medo, mas camuflamos.
Pronto...!!!
Ficamos adultos.
Temos a ilusão de que daqui pra frente, tudo vai ser diferente, e ninguém vai nos fazer sofrer. Podemos tudo, sabemos tudo.
Já caminhando para a maturidade propriamente dita, a estória agora é outra.
Que ninguém venha com conversa mole, agora nós temos opinião, temos experiências de alguns momentos vividos, de alguns tombos, de alguns tropeços, algumas decepções, alegrias, idas e vindas, começos e fins, perdas, enfim, uma bagagem que nos permite seguir, apesar de.
Podemos mudar de idéia com convicção, podemos ser ou deixar de ser, podemos desistir e arcar com as conseqüências. Podemos escolher o que ainda queremos aprender.
Podemos ir pra sempre, ou ir apenas.
Explica, só se quisermos.
Mais um pouco e descobrimos muitas vezes com sofrimento, que não é nada disso.
Que não é bem assim.
Apesar de maduros ainda nos encantamos com objetos coloridos, somos teimosos como os adolescentes, sonhadores como os jovens.

Nessa fase tudo é muito claro, e justamente por isso é tudo muito sofrido. Enxergamos exatamente o que está na nossa frente, e é exatamente aí que o bicho pega.
Somos cobrados como se não pudéssemos mais errar, como se não pudéssemos mais nos enganar, como se não tivéssemos o direito de mudar, de reivindicar.
Nessa fase da vida a gente vê tudo, até o que não queremos, até o que as pessoas não mostram, e nessa hora, é você quem tem que decidir o que fazer.
E aí meu amigo, salve-se, se puder...!!!
Se encontre de novo, junte os pedaços...
E recomece...
Nada de birra, nada de ir embora, nada de drama...
Afinal, você não é mais um bebezinho, não é mais um adolescente rebelde, nem muito menos um jovem sonhador.
Agora é com você!

Carla Pianchão

3 comentários:

Rose Porciuncula disse...

adorei o texto...saudades de vc...:)
adoraria a sua visita nos meus blogs, acho que vai gostar.
sempre estou postando algo diferente ou util...:)
bjks

http://arteiracraft.blogspot.com
http://roseporciuncula.blogspot.com

Maria Fita disse...

é Carlinha,
o difícil é ser um sonhador de meia idade, ter projetos, acreditar na palavra, pensar no bem comum e ter que se adaptar a esse mundo de "Gersons"...
bjo gde
saudades!

Serões da Inês disse...

e a lágrima continua a querer descer... a sua filha tinha realmente razão. As suas palavras são fortes, mas são a realidade de muitos de nós.
E acho que chega uma altura em que deixamos de sonhar... (como vê também uso reticências e sempre me perguntei se não estaria incorrecto portuguêsmente escrevendo, mas a verdade é que as uso com o mesmo intuito da Carla, deixando coisas no ar).
Beijinho
Inês

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