Estava bordando, no meio de um silêncio quase ensurdecedor, quando de repente, ploft!
E sem que eu tivesse tempo para pensar no que seria ouvi de novo, ploft e ploft e ploft... Uma seqüência interminável de plofts me fez correr até a janela e perceber ainda sem acreditar que eram pedras enormes de gelo.
Rapidamente quis fotografar porque pensei que ninguém acreditaria se eu dissesse que as pedras eram do tamanho de um cubo de gelo.
Eu corria pela casa fechando as janelas porque as pedras entravam por elas, batiam nos vidros...
Corri para desligar as máquinas e o computador, nunca tive tanta dificuldade para achar aquele xizinho que fecha as páginas, o mouse não deslizava como de costume, e mesmo depois de achar o xizinho parece que o pc queria ficar e ver de perto tudo aquilo, porque demorou mais do que o normal para encerrar.
O João ficou enlouquecido, vibrava e dizia:
- Que doido mãe!
Vai entender o que se passa na cabeça de um adolescente.
A chuva foi indo embora e levou com ela a luz, mais uma vez fiquei no escuro sem máquina, sem pc, e sem poder me mexer, o que pra mim é enlouquecedor.
Mais tarde chega meu marido com o para brisa do carro estilhaçado, o teto do carro todo afundado, e a Maria que ele buscou no balé me dizendo eufórica:
- Nossa mãe foi muito legal, minha escola ficou cheia de gelo!
E eu que ainda a vejo como “minha Maria” perguntei:
- Você não teve medo???
- Claro que não mãe tava linda a chuva.
Ser criança é isso.
Fico pensando no estrago que essa chuva fez.
Mas ela veio lá de cima.
E novamente fico pensando se não estamos fazendo algo errado aqui em baixo.
Carla Pianchão
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